
Luis Palma
Conheci o António Júlio na sua dimensão de Professor e Artista Plástico, sendo na Escultura a expressão que, pessoalmente, mais o admirava.
Mas quiseram as nossas vidas que no plano da ação política, e em particular na autárquica, cruzássemos desempenhos em várias áreas de intervenção. Primeiro como vogais no Executivo da Junta de Freguesia de Laranjeiro; e mais tarde acompanhando-me na equipa que coordenei pela primeira vez como Presidente da Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó.
Nos poucos anos que a vida nos permitiu trabalhar coletivamente nesta nova realidade do poder local democrático, o António Júlio foi sempre um Camarada que com lealdade e solidariedade enfrentou os nossos desafios e dificuldades, com coragem e frontalidade. Deu o seu contributo para a nova imagem institucional da Junta, sugerindo um elemento identitário agregador das duas Freguesias, uma flor de esteva, elemento natural presente nas quintas de outrora do Laranjeiro e do Feijó.
Abraçou, ainda, a nova edição do Boletim Informativo e do site, manifestando sempre entusiasmo e empenho no desenvolvimento das ideias e sobretudo na proximidade com os projetos educativos da nossa comunidade escolar.
O António Júlio tinha uma característica na sua personalidade que o marcava quando alguma tomada de posição exigia firmeza: ficava em silêncio. Vincadamente em silêncio. Era um silêncio prolongado, daqueles silêncios que nos alertam para as palavras que virão a seguir, numa direção objetiva, sem rodeios, nem enganos.
Penso que foram estes mesmos silêncios que o afirmaram como Homem-Escultor-Artista, quando em frente à matéria-prima, antes da obra, estabeleceu este “diálogo de silêncios” com a sua criatividade plena.