
Francisco Palma
A Escultura destaca-se da lógica de monumento nos finais do Século XIX, quando por altura da afirmação do modernismo se assume principalmente, como refere Rosalind Krauss, com a sua condição negativa, ou seja, a ausência de local fixo e extremamente autorreferencial, expondo a sua própria autonomia.
A escultura modernista começa a ser divulgada em Portugal a partir de 1956 através das exposições da Fundação Calouste Gulbenkian, sendo neste âmbito que se afirmam as tendências Abstração e Neo-figuração, predominantes na rate portuguesa das décadas 60 e 70 do século XX. É neste contexto artístico que o escultor António Júlio se integra, trabalha e intervém, no espaço público urbano de Almada, onde também existem esculturas de Jorge Vieira, José Aurélio, Rogério Ribeiro, José Mouga e Jorge Pé-Curto.
Da sua obra pressente-se uma enorme tendência para as experiências compositivas de linhas e fragmentos de feição acentuadamente antropomórfica ou evocando valores sociais, tendendo para uma abstração radical. Com referências claras a uma estética formalista destacamos as obras Família, Andrógeno, Tres-malhado, Solidariedade e Fraternidade, estas duas últimas transpostas para espaços públicos, não deixando contudo de terem sido criadas, como maquetes, no seu espaço de atelier.
António Júlio ao substituir a “mais tradicional” junção entre bronze e pedra, por inox e pedra, pretende assumir a representação da obra através dos seus próprios materiais e do processo de construção expondo assim a sua própria autonomia, característica elementar ad escultura modernista.