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Ana Maria Jerónimo

Conheci o António Júlio quando, nos anos 80, fui colocada na então Escola Secundária do Laranjeiro nº 1, hoje Escola Secundária Professor Ruy Luís Gomes.

Recordo-o encostado à esquina do bar dos professores, bigode farfalhudo, calças surradas de veludo cotelê, cigarro na mão, bebendo a sua bica; o olhar maroto de quem observa e tudo vê; o sorriso algo irónico e um brilhozinho nos olhos sugerindo o distanciamento de quem, estando ali, tem outra vida, outros interesses, outro lugar, outra paixão.

Era o professor de Artes permanentemente solicitado, procurado e acompanhado por alunos, o professor que, nos Conselhos de Turma, batalhava pelo reconhecimento de facetas menos conhecidas e exploradas dos seus alunos.

Acompanhei-o nos Conselhos de Turma, Conselho Pedagógico e também quando, num momento particularmente difícil da vida da escola, assumiu a responsabilidade de integrar o Conselho Directivo. Fê-lo por verdadeira militância democrática, apesar de não nutrir especial apetência por este cargo que o forçava a uma disciplina e burocracias longe do temperamento desalinhado da sua alma de artista, que o afastava e limitava na necessidade de tempo e espaço para dedicar à actividade que verdadeiramente lhe permitia ligar-se à terra, fender a pedra, modelar o aço: SER ESCULTOR.

© Luis Espada 2021

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