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Georgina Freire

Irmã

António Júlio,

 

Nome que homenageia respectivamente, o pai e o avô materno de quem parece ter herdado o jeito e o gosto pelos trabalhos manuais e que tão bem desenvolveu na pintura e na escultura, dando forma, desde muito novo, a simples pauzinhos que apanhava na rua para as suas brincadeiras.

Pouco dado a demonstração de afectos, no entanto eles estavam presentes num olhar, num encolher de ombros  ou num «olá, tudo bem?», estendendo sempre que necessário o seu braço forte e protector a todos, especialmente os mais amados.

Atento a tudo e a todos, como naquele episódio em que estando rodeado de amigos, vendo que a mãe passava carregada, sai do grupo e ajuda a levar as compras para casa.

A mãe, o seu pilar, o seu porto de abrigo, o seu «pião das nicas».

Amigo da família e considerando-se responsável pelo seu bem estar. 

Amigo do seu amigo, sempre pronto a ajudar e incentivar, altruísta, dando tudo de si, muitas vezes sacrificando o seu descanso e lazer em prol de causas que julgava justas.

Reservado que era, passava a extrovertido, a sarcástico e a brincalhão.

A sua escultura, onde punha todo o seu empenho e prazer, dando vida animada à pedra, à madeira, ao metal ou a uma simples folha de papel.

Nunca procurou fama ou reconhecimento, dizendo, na sua humildade que isso se conquistava e nunca se mendigava, pois o seu trabalho era «apenas» um prazer e um sabor a arte.

Partiste …

 

É certo que uma perda não é fácil, nunca é fácil…

Especialmente uma perda de uma pessoa de que gostamos, estimamos e queremos tê-la sempre connosco.

No passado ano, mais precisamente no mês de Dezembro de 2015, tiveram convosco um doente, para mim muito especial, o meu irmão de seu nome António Júlio. Estou ciente de que se lembram dele, pois foi-nos remetida uma carta a agradecer a forma como, por nós, ele foi merecidamente e exaustivamente bem tratado e cuidado.

 Tenho que falar, partilhar e , desabafar…

Vi uma reportagem, deveras interessante, sobre um hospital de nome: Hospital Garcia de Horta, coincidência ou não, hospital para quem esta missiva e declaração é dirigida. 

Reportagem essa de nome «Hospital em casa» transmitida no canal 1 da RTP no passado dia 20 de Abril de 2016.

Foi disso, desse acompanhamento que o meu irmão precisou… estando ele numa fase terminal e bastante avançada da doença Sarcoma Pulmonar.

Em toda a sua vida ele foi humano, um bom homem…

Muito sinceramente, espero que, com a sua morte, torne a vida, de outras pessoas doentes um pouco melhor. 
 

Muito Obrigada Garcia de Horta

 

 

Para mim, o meu irmão Júlio.

© Luis Espada 2021

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