
Gil Cabugueira
Filho
“ Difícil é tornar as coisas simples”.
Tempo...
Absorvi a serenidade, saber esperar e ouvir. Quão rude fisionomia Transmontana, para tão nobre e meigo espírito.
Sempre pronto para um xi-coração grande e forte.
Sem juízos de valores pré feitos e sentido crítico construtivo, formei parte do meu ser com as artes de viver bem comigo como sou e como Filho do meu Pai.
Tinha sempre uma última palavra a dizer.
Com as netas foi sempre disponível. Muito Afetuoso e com a dedicação de tempo que permitiu à Julieta reter boas memórias do espírito do Avô.
Do pouco que a Vida permitiu, rejuvenesceu com a Emília.
Sinto a falta do Pai. Da sua serenidade, Paz e resiliência, da sua capacidade de ajudar o próximo sem pensar em retorno.
Sinto que deixou tanto por dizer. Lembro-me da música que dele ficou em mim. Júlio Pereira e o seu cavaquinho, Carlos Paredes, Zeca Afonso.
É da música do esculpir da pedra que também sinto notas musicais que ficaram por escrever.
Sinto saudades do que outrora chamei ruídos e me afastava e me aproximava do meu Pai, das reluzentes faíscas de moldar o diamante na Pedra e gerar formas que falam de uma realidade mais simples.
É particularmente doloroso não ter o que escrever para enaltecer o espírito de liberdade do António Júlio. Talvez porque não queira escrever a sua morte. A sua perda. Embora longe estivesse perto, e continua perto. Nas suas esculturas e pinturas de pedra a que tanto se dedicou.